quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Reforma e contra reforma

É possível definir a reforma como uma crise ocorrida no século XVI que causou o rompimento da Igreja católica na Europa e ocasionou a criação de outras seitas religiosas.
As reformas ocorreram por motivos econômicos, morais, políticos e principalmente religiosos.
A Igreja era totalmente contrária ao que pregava, o clero abusava, vivia luxuosamente (diferente do resto da população), desviando bens da Igreja, tendo filhos e amantes. Um exemplo disso foi a Papa Alexandre VI que manteve relações com Giovana Catanei e com Giulia Farnese. Conta-se que ele teve oito filhos ilegítimos.
Os cargos eclesiásticos eram vendidos a quem pagasse mais. O papa Leão X, por exemplo, recebia uma renda equivalente a um milhão de dólares anualmente com a venda de cargos da Igreja. Havia também a venda de indulgencias, (documentos assinados pelo Papa, que absolviam quem os comprasse de alguns pecados, geralmente eram conquistados com penitência, jejum ou caridade e “diminuíam” o tempo no purgatório); e a venda de relíquias, (objetos que supostamente haviam sido tocados por Cristo, Maria ou Santos.).
Nesta época o poder se concentrava na maior parte das vezes nas mãos do papa, o que atrapalhava os monarcas.
O individualismo ganhava força, deixando um pouco de lado a imagem de que tudo que acontecia era por vontade de Deus e de que Ele era o centro de todas as coisas.
A burguesia se encontrava infeliz com a Igreja se intrometendo em seus negócios, eles procuravam uma religião que os apoiasse e que não interferisse em suas atividades.
Antes das reformas ocorridas no século XVI o poder da Igreja católica já havia sido contestado. Em 1054 ocorreu o cisma do oriente no qual os cristãos do Império Bizantino se separaram da Igreja Católica, formando a Igreja Ortodoxa, e nos séculos XIV e XV desencadearam-se heresias, (movimentos religiosos que negavam alguns princípios do catolicismo) comandadas por John Wyclif, na Inglaterra e Jan Huss, na Boêmia, atual Repúbica Tcheca.
As primeiras revoltas protestantes começaram a surgir, a Igreja estava abalada. A primeira região atingida pela Reforma foi a Alemanha.

Reforma na Alemanha:

A reforma na Alemanha foi liderada por Martin Luther. Teólogo residente em Wittenberg, Martin pregou 95 teses contra a venda de indulgencias na porta da catedral de sua cidade, ele defendia que a salvação dependia só da fé e não das obras, traduziu a Bíblia para o Alemão permitindo livre interpretação, pois pensava que a Bíblia era a única fonte de verdade divina e que não cabia a ninguém definir uma única forma de interpretação do livro, rejeitou cinco dos sete sacramentos e o uso do latim nos cultos, manteve apenas o batismo e a eucaristia, mas não acreditava que durante a consagração pudesse haver a transubstanciação (transformação do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo) e desconsiderou a autoridade papal. Em 1520 Luther foi excomungado pelo Papa Leão X e em 1521 expulso do império, porém permaneceu lá com a ajuda de Frederico, Duque da Saxônia. Criou-se assim o luteranismo que depois se espalhou para outros países como Dinamarca, Suécia e Noruega.

Reforma Calvinista

A reforma ocorreu na Suíça e na França e seu principal líder foi Jean Calvino. Ele criou a reforma inspirado em Luther.
Quando os reformistas começaram a ser perseguidos por Francisco I, Jean Calvino fugiu para Basiléia. Isso ocorreu em 1533.
Foi viver em Genebra, porém foi expulso de lá por culpa de suas ideias. Em 1541 voltou para lá e desde então até sua morte em 1564 impôs uma ditadura política e religiosa (ou uma teocracia, ou seja, governo em nome de Deus).
Durante o governo de Jean Calvino eram proibidas atividades como dançar, jogar cartas, ir ao teatro, trabalhar ou divertir-se em dias santos. Isso era considerado crime.
Calvino acreditava que a salvação dependia apenas da fé. Para ele Deus havia criado as pessoas cada qual com uma vocação, cujo objetivo era sua glorificação. Afirmava que o trabalhador era o que mais se assemelhava a Deus. Um homem que não queria trabalhar não deveria comer. O pobre era suspeito de preguiça, o que constituía uma injuria a Deus.
Quanto ao culto passou a ser mais simples, sem imagens, música e com pequenos comentários da bíblia.

Reforma Anglicana

A reforma ocorreu na Inglaterra por interesses políticos e econômicos. Seu criador foi Henrique VIII.
Henrique queria se separar de sua primeira esposa Catarina de Aragão. Ao não receber permissão do papa Clemente VII decidiu fundar uma outra religião. Recebeu total apoio da nobreza e da burguesia que também não estavam contentes com o poder que a Igreja católica exercia sobre os fieis.
Ao decretar o Ato Supremo em 1534 tornou-se o principal chefe da Igreja Anglicana. Os que discordaram foram reprimidos, como Thomas Morus, que foi executado.
O anglicanismo tornou-se religião oficial apenas com o reina dado de Elizabeth I.
A doutrina da Igreja Anglicana manteve-se muito parecida com a da Igreja Católica, e se aproximou da doutrina Calvinista.

Contra-reforma

A Igreja Católica abalada com a enorme perda de fieis decidiu fazer mudanças internas. Essas mudanças começaram quando o papa Paulo III convocou o Concílio de Trento.
Antes disso, com o papado de Alexandre VI, Julio II, Leão X e Clemente VII a Igreja não obteve bons resultados, pois eles não se preocupavam com os problemas que atingiram a cristandade.
Os resultados obtidos pelo Concílio foram: Salvação mediante a fé e boas obras; culto aos santos, imagens, ao Papa, criação dos seminários e a não aceitação do rompimento matrimonial.
Um pouco mais tarde foi fundada a Companhia de Jesus por Inácio de Loyola em 1534. Ela se dedicava a catequização dos pagãos e a educação dos jovens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário