sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Por um mundo melhor

Um senador aposentado, ao sentar em sua poltrona, liga o computador e decide ler seus e-mails. Vê uma mensagem suspeita como título de um deles com o nome ‘Você é honesto? Reflita’. A tal pergunta realmente o fez refletir sobre suas ações como político.

Senador: Bom, comecei minha carreira na construção de uma praça para uma cidade escolhida pela população.

Consciência má: Meus parabéns, foi por isso que cresceu tanto em sua carreira!

Consciência boa: Ah é? E cada a praça? Cadê o parque prometido para as crianças, os bancos, o gramado bem verde e as flores?

Consciência má: Você que não sabe ver o verde da vida.

(Aparece uma praça com uma árvore morta e crianças infelizes sem ter o que fazer)

Consciência boa: Onde? – Grita sem paciência –

Senador: Ah... Pelo que eu lembro o projeto havia sido cancelado.

Consciência boa: Mas poderia ter lutado por ele.

Consciência má: E o que se ganha com isto?

Consciência boa: Ridículo, é por isso que o mundo gira ao contrário.

O senador reflete mais um pouco, fazendo esforço para encontrar uma saída para o projeto fracassado.

Senador: Também arrecadei dinheiro para reformar estradas mal asfaltadas, sinalizar melhor, principalmente nas ruas principais da BR.

Consciência má: Viu só? Não se vê um buraco dirigindo.

Consciência boa: É mesmo?

(Passam carros praticamente capotando pela estrada mal conservada.)

Consciência boa: Jura? – Tenta se controlar – Sabia que na semana passada um ônibus escolar bateu contra uma árvore por culpa da má sinalização?

Consciência má: Que nada! O motorista deve ter bebido – Dá uma risada –

Senador: Concordo, a culpa foi da polícia que não fez o teste do bafômetro.

Consciência boa: Sua culpa por não ter dado bolsas de empregos para as pessoas.

Senador: Claro que dei, não tenho culpa se eles não têm vontade de trabalhar.

(Entra em cena um pai e o filho)

Filho: Pai, me dá dinheiro pra comprar chiclete?

Pai: Desculpa filho, o salário desse mês não sobrou e não consigo arranjar outro emprego.

O senador olha em sua volta, sua poltrona chique, seu computador de última geração, o arrependimento começa a corroê-lo.

Consciência boa: E o que me diz sobre as escolas? O aprendizado das crianças de hoje não vale nada e elas ainda tem que sofrer no futuro para conseguir passar no vestibular. Fora os professores que não qualificados, os que também não tiveram um bom estudo. Antes de ser eleito, você prometeu que melhoraria a educação.

Senador: As escolas... Ah sim... As escolas? Foi feito um projeto...

Consciência boa: Projetos pra lá, projetos pra cá, não quero saber. Onde estão suas ações?

Consciência má: Ações se iniciam pelos projetos.

Consciência boa: De nada adianta se não forem completos, pelo menos foi tentado.

Consciência má: Tentar todos podem. Todos nós, todos vocês. – Aponta para o público –

Senador: Na verdade implantei sistemas para as escolas públicas.

Consciência boa: Onde está esse sistema?

Senador: Não faço ideia.

Consciência boa: E até hoje não procurou saber?

Senador: Todo mundo deve estar bem.

(Cena da escola)

Professora: Por isso delta é igual à zero.

Aluno: Não entendi.

Professora: Você deve fazer a conta, aí irá resultar em zero.

Aluno: Então ta. – Frustrado –

Por fim, o senador esgotado pela decepção de suas escolhas tenta sua última carta.

Senador: Meu maior feito foi arrecadar 2 milhões de reais para a construção de um hospital público.

Consciência boa: Onde está o hospital?

Senador: Tudo bem, tudo bem. – Já estressado – Este também fora cancelado.

Consciência boa: E o dinheiro da população?

Senador: Quer realmente saber? – Se levanta da poltrona – Foi dividido entre a câmara de deputados e fiquei com uma parte para investir na minha família.

Consciência má: Pelo menos ele usou na família, isso não conta?

Consciência boa: Pra não falar na mansão de 10 quartos com suíte, 5 cozinhas, área de festa, de lazer, de jogos... E até mais.

Senador: E daí? O que foi feito está feito, não se pode fazer mais nada. – Ele sai –

Consciência má: É mesmo e quem precisa de hospitais? É só se cuidar oras.

(Cena do hospital: Uma imensa fila e pacientes morrendo na espera de atendimento).

Pessoa do povo: É isso que irá acontecer com você se não fizer algo para mudar a situação do nosso país. Talvez não seus filhos, mas seus netos serão analfabetos, isso se sobreviverem por que não há segurança. E finalmente chegará sua vez... Os últimos anos de sua vida agonizando numa fila de hospital esperando por um atendimento que nunca chegará. É isso que quer para o seu futuro?

Nenhum comentário:

Postar um comentário